terça-feira, 4 de julho de 2017

Restos mortais de Dona Selma do Coco estão desprezados em Cemitério de Olinda

Túmulo de Zezinho, filho de Dona Selma do Coco, local onde foram colocados os restos mortais da grande mestra da cultura popular de Pernambuco que foi tombada como Patrimônio Vivo do Estado. foto de Alexandre L'Omi L'Odò.

Restos mortais de Dona Selma do Coco estão desprezados em Cemitério de Olinda

Acordei com uma mensagem que me dizia para eu ir visitar o túmulo de Dona Selma do Coco, hoje... Assim fiz.
Ao chegar no cemitério do Guadalupe em Olinda, me dirigi até o local de seu sepultamento. Observei que não havia mais seu nome em lugar nenhum e me preocupei de seus ossos terem sido retirados e jogados no depósito públicos de ossos para nunca mais serem achados...

Informei-me com os coveiros, e eles me direcionaram para a cova de Zezinho, filho carnal de Dona Selma do Coco, falecido alguns anos antes da mãe. Deparei-me com o total descaso com a memória dessa grande mestra da cultura popular, que inclusive era Patrimônio Vivo de Pernambuco.

Local onde estão os restos mortais de Dona Selma do Coco no Cemitério do Guadalupe em Olinda. Foto de Alexandre L'Omi L'Odò.

Fiquei arrasado com esta situação. Um desrespeito sem precedente contra a memória da maior artista do Coco de nosso tempo. Nem a família nem o Estado se responsabilizaram por dar um mínimo de dignidade aos restos mortais dessa grande conquista. Considero isso um crime à memória Cultural pernambucana e olindense. Um crime contra o patrimônio imaterial, desprezo a memória, racismo institucional e a ausência de políticas públicas de Cultura que de fato tratem da vida dos mestres e mestras. Não podemos esquecer que a cultura é o Mestre ou a mestra! Sem eles não há tradição. Mas ao que está posto, ninguém ligou para isso, neste caso.

Mestre Salustiano teve um enterro digno e seu túmulo está bem preservado. Reginaldo Rossi igualmente. Chico Science tem seu túmulo preservado e muito visitado... Mas para Dona Selma do Coco apenas restou o desrespeito, desprezo e ostracismo completo. Isso machuca a gente.

Essa minha denúncia tem o mesmo caráter da que fiz há dois anos atrás, quando seu túmulo não tinha sequer uma placa simples com seu nome. Cadê o Estado? O que vão fazer? Ignorar mais essa minha postagem? Pra que ser Patrimônio Vivo?

Como conselheiro de Políticas culturais de Olinda, levarei essa pauta para nosso pleno e exigirei atitude do governo de Olinda para com essa situação. É inadmissível que nos calemos perante tamanho desrespeito à memória de nossa cultura popular. Vamos pedir respeito, queremos reparação e um túmulo decente para Dona Selma do Coco!

Soube inclusive que seu dente de Ouro foi levado desrespeitosamente por um de seus parentes... Fiquei horrorizado com tamanho desrespeito a ela, que era uma senhora alegre e muito voa para com os seus. Construiu e deixou bom patrimônio material cantado Coco e dando sua saudosa gargalhada "hahay"... Mas a ingratidão foi seu fim...

Peço aos amigos e amigas dos jornais que me ajudem a divulgar esta grave denúncia.

Não vamos calar. Respeitem a Cultura Popular!

Quero ver se o povo da Cultura popular vai ficar calado!

Frase significativa pintada em parede dentro de capelinha no Cemitério do Guadalupe em Olinda. Foto de Alexandre L'Omi L'Odò.

"A morte permite a saudade. Nunca o esquecimento"!

#RespeitemaCulturaPopular #PatrimônioVivoPraQuê? 
#DonaSelmadoCoco

Alexandre L'Omi L'Odò
Quilombo Cultural Malunguinho
Conselho Municipal de Políticas Culturais de Olinda
alexandrelomilodo@gmail.com

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Entidade cultural da resistência negra pernambucana, luta e educação através da religião negra e indígena e da cultura afro-brasileira!