sábado, 9 de maio de 2015

Pernambuco e a cultura popular estão de luto - Falece Dona Selma do Coco

Dona Selma do Coco e Alexandre L'Omi L'Odò em seu aniversário de 82 anos em Olinda. Foto: Acervo pessoal.

Pernambuco e a Cultura Popular de Luto 
Falece Dona Selma do Coco

Hoje, dia 09 de Maio de 2015, Pernambuco e a cultura popular estão de luto. Falece a Rainha do Coco, a mestra mais querida de toda cultura popular, a mulher de maior carisma que os palcos do mundo já viram - Dona Selma do Coco.

Artista de carreira internacional, popularizou o coco praieiro de Olinda, inspirando artistas de todos os segmentos à olhar a musica da cultura popular de forma respeitosa, reconhecendo a grandiosidade deste gênero musical.

Dona Selma, dona do sorriso mais irreverente que já vi. Uma artista reconhecida pelo seu sorriso, o popular "Hahay" que conquistou o coração de todos, partiu deixando netos e bisnetos e um grande número de fãs e amigos que hoje publicamente já começaram a postar nas redes sociais seus pesares e homenagens.

Dona Selma do Coco. Foto de Costa Neto.

Eu sou um discípulo de Dona Selma do Coco. Quando adolescente, ouvi pela primeira vez sua fita K7 tocando na feira de Peixinhos/Olinda... Cantando "A Rolinha - o corre corre pega a minha rola" pelos idos do início da década de 1990. Aquele som revolucionou minha vida. Foi como se eu estivesse me encontrado com tudo que precisava para dar destino à meu caminho. De estudar violão clássico no CEMO, passei a aprender percussão com Toca Ogan, Marcos Matias e André Malê... Percussão essa que me tornou coquista... Devo isso a Dona Selma também, a contribuição que ela deu indiretamente para a minha vida foi revolucionária. Cheia de força da Jurema, do tambor e voz que me fizeram acreditar que era possível fazer cultura popular.

Calou-se a risada e a voz afinada mais querida das Olindas... Cheguei a estremecer quando sua neta Andreza Karla publicou na net poucos minutos depois de sua morte esta triste notícia. Passou um filme em minha cabeça. Tudo que fizemos juntos... Tive o prazer de gravar com ela. De fazer parte de projetos com ela e de dividir palcos... Sempre estive junto em seus shows. nunca perdia um. Sempre reconheci que naquele palco estava uma das maiores estrelas que já vi. E por isso não perdia suas apresentações... Só para aprender, para sentir a emoção que ela causava em meu coração. 

Vá em paz minha mestra. Que Tupã, mãe Tamain e o Reis Malunguinho abram as portas dos encantos para a senhora passar. Que sejas bem recebida por todos os pajés, caciques, ancestrais africanos e encantos de luz. Seja guiada pela força maior da alegria. Hoje a roda de coco do céu da Jurema vai ser animada, os mestres e mestras vão sambar guiados pelo eterno "hahá, hahá, thá, thá, thá, thá... Êh... Hahay".

Estarei junto neste último momento. Foste um marco em minha vida. E vou lhe ver e dar um até breve. Te amo minha avó de coração. Mulher que mesmo calada estava me ensinando e me moldando dentro e para o cosmo da felicidade. 

Seguem algumas memórias desta grande artista:




Alexandre L'Omi L'Odò
Quilombo Cultural Malunguinho
alexandrelomilodo@gmail.com 

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Entidade cultural da resistência negra pernambucana, luta e educação através da religião negra e indígena e da cultura afro-brasileira!